Pensativa com seu cigarro. Malu sai pela portaria do prédio, andando
nada delicadamente sobre seu salto agulha, para respirar a poluição da noite.
Noite fria de agosto. Não muito longe, assovios e cantadas de alguns homens
tomando cerveja barata e assistindo o jogo de quarta feira num boteco qualquer.
Um carro de luxo encosta, placas de fora, rodado caro. Ela vai se debruçando na
janela de trás, quando uma mão sai e deposita quinhentos Reais no seu decote e
abre a porta sem questionar, a quantia supera em muito o dinheiro sujo de
bêbados casados que pagariam para ela em algumas noites, Malu embarca.
- Prazer, Malu. - ela se apresenta prontamente, tentando parecer
elegante.
- Prazer Malu. - ele responde, sem mudar sua expressão.
- Vinho?
- Hummm, com esse frio. Eu aceito.
- Que bom que te agrada.
Malu aceita, depois de alguns goles e algumas quadras rodadas,
adormece.
Corpos
nus de acólitos femininos dividem espaço com um homem, usando de um manto negro
e máscara de bode que murmura palavras.
- Venha adiante, oh grande gerador do abismo e faca a sua presença
manifestada. - coro de acólitos repete.
Malu assustada sente sob as costas a pedra gelada. Nua e amarrada, ela
olha ao redor e observa que esta em uma espécie de cave, divide espaço com
garrafas velhas de vinho e animais em gaiolas.
Um acólito masculino, com o corpo coberto por penas carrega consigo
uma caixa, onde dentro possui uma espécie de crânio animal, acomodado em veludo
vermelho.
- Eu reuni os meus símbolos adiante e preparo meus ornamentos do que e
para ser, e a imagem da minha criação espreita como um dragão agitado
aguardando a sua liberdade.
- Oh! Ardat Lilith! – murmuram em coro os acólitos femininos.
- Eu invoco o teu nome grande fêmea desafiante da harmonia celeste!
- Aranha vampira! Olhe com teus olhos rubros em sangue.
A cabeça da caixa estranhamente grita.
Malu ainda tonta estremece, chora, tenta gritar por ajuda, a voz não sai.
Malu ainda tonta estremece, chora, tenta gritar por ajuda, a voz não sai.
- Ouço teus lamentos nos uivos dos ventos, sismos e vulcões!
O acólito masculino se aproxima de Malu colocando a cabeça do animal
sobre o cólon dela. Sente o calor começando a aumentar, um formigamento.
- Oh! Ardat Lilith!Ad te Advoco, Te proclamo, Omnipotent aeterne
matriarca! - repete o coro de acólitos femininos.
Malu desmaia, tomada por uma dor lascinante.
Malu acorda em um quarto de motel barato, suada e cansada. Com mais
dinheiro que ganharia na sua vida toda.
E morre nove meses depois por complicações no parto.
Especial de Halloween, postado por Linguiceiro da rua do Arvoredo.
Especial de Halloween, postado por Linguiceiro da rua do Arvoredo.
O conto original é bem melhor, recomendo. Li ele a algum tempo, por recomendação de uma amiga.
Baseado no conto "Lorena" de Daniel Gonçalves.
Nenhum comentário:
Postar um comentário