terça-feira, 31 de julho de 2012

Réquiem para o pudor


“Papo furado e nada de novo
Um beijo frio, um abraço forçado, uma rotina maçante.
Compreendo que o sinal está fechado e assim não me movo.
Um calafrio, um pitaco inaplicado... Sigo adiante...
O meu pecado é continuar preso neste covo
Afogando meu brio, procurando algum significado, divertindo-me com amantes.

...

Na deselegância de sua embriaguez, eu quero lhe mostrar todo meu potencial
Ganhar teus lábios tintos de merlot, maliciar os atos de pierrô.
Numa cama de motel quero lhe fazer a rainha da insensatez.
Perder-me nas curvas de seu sorriso sacana, envolvido pela magia de Vênus, deusa romana
Sentir minha timidez se perder entre sua nudez.
Ter-te sem roupa, te ver louca, gemer rouca, numa profanação carnal.”



por Jader Perin

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Tempo

A guilhotina do tempo cruza meu pescoço com velocidade astronômica. Vivo me perguntando coisas que não sei responder, sempre fiz isto, sempre fui assim. Tentei responder algumas, mas fui tão inútil quanto um chimpanzé tentando resolver uma equação matemática.
Por que temos esta necessidade de ver o mundo de forma agnóstica? Nos achamos tão espertos, auto suficientes... Somos seres arrogantes. Pretensiosos.
Mas ao mesmo tempo, é bom pensar que o universo se formou a partir de um coquetel de elementos químicos, cuja faísca de acionamento foi a chamada ''partícula de Deus". O fato é que tudo estava ali, parado... e num determinado tempo, simplesmente tudo aquilo fez tudo isso que vemos hoje.

Eu me reservo no direito de acreditar na ciência, pois não consigo acreditar na parte religiosa. Principalmente na Igreja Católica. Todos sabem por que não podemos acreditar nela. Na idade média ela era corrupta; Só na Espanha, são 14 apóstolos enterrados; é o milagre da multiplicação dos apóstolos!
Mataram mais na inquisição que Hitler no holocausto. 

Talvez se o mundo não tivesse religião seria melhor, talvez não. Vejam os judeus por exemplo, em guerra à 5mil anos por motivos que nem eles entendem mais. A bíblia é sem dúvida um ótimo livro. Fez milhões se matarem durante 5mil anos, quem conseguiu isso até hoje?
Mein Kampf não chega nem aos pés!
Sei lá... as vezes tenho vontade de ser um chimpanzé, tentando inutilmente resolver uma equação matemática.

domingo, 29 de julho de 2012

Delirium tremens

A melhor maneira que encontrei para começar meus diálogos semi biográficos foi centrando o herói de minha história em um banco sob o sol, um bar ou uma cama de motel.  Uns gostam, outros não, alguns estão pouco se fodendo. Ou fodendo como no caso do último local.
Mas desta vez foi uma experiência extra-corpórea e vou deixar você mesmo imaginar o local, é seu momento de criatividade.
(Pausa para os leitores tomarem ar e um Plasil)
 
Jaqueta de couro me protegendo da garoa leve e fria de inverno. O Silêncio era mórbido, abri a boca para balbuciar um gemido, mas palavras não saíram. Surdo mudo. Era tudo que me faltava. Levei as mãos ao nariz, um cheiro doce enjoativo no ar. Talvez Lírios. Tento manter a calma, então me viro e simplesmente...
Eu não sabia como havia ido parar lá, só me vi.
Lá eu, estatelado no chão, numa posição fetal. Estranho não? Meu corpo, lá caído. Tentei forçar meu cérebro a lembrar de como havia parado lá, em um momento estava tomando um gim tônica, e no momento seguinte estou lá.
Estava mudo, tentei gritar novamente. Sem sucesso. Ok, vamos raciocinar. Fui assassinado? Quem poderia ter feito um crime destes, aparentemente perfeito. Sem sangue, sem rastros. Nenhuma pista. Pensei em todos os nomes possíveis, mas nada. Ninguém que conheço (acredito eu) tem motivos para me ver morto.
Fodeu.
Eu não queria que fosse assim, juro. Podia esperar qualquer coisa a respeito da minha morte, mas não isso. Eu realmente gostaria de saber como fui parar ali, quem tinha feito aquilo para pode experimentar o doce gosto da vingança. Voltar como assombração e perseguir a pobre alma com facas de pão pela casa, como num filme de polstergeist. Ter aquele gostinho sabe? Ver o medo no rosto de alguém, fazer provar do próprio veneno.
Mas tudo bem, era o fim.
Então, ouço passos, me viro. Vejo-a, linda. Boca carnuda, seios enormes, vestido apertado, olhos bem maquiados. Fitava-me, olhos acesos. Obviamente sabia que estava ali, cigarro em brasa mesmo sob a chuva. Sorriu e minha calça ficou apertada.
- Oi. – Fiz progresso, estava ouvindo. Aproveitei o contato.
- Quem é você? – Perguntei antes de dar mais uma bela olhada naquelas coxas grossas e no bundão que gritava por um tapa sob aquele vestido preto.
- Sua morte, querido.
Era só o que me faltava, delirium tremens. Minha morte vem como Solange Gomes num domingo de banheira do Gugu.
- Então, como chegamos a isso? Cadê a porcaria do túnel, luzes?
- Quer um túnel? Eu só vim te levar.
- Me levar pra onde?
- Pra onde tu quiseres ir.
- Que tal um motel belezinha? – Ela soltou uma alça do longo vestido preto. Meus olhos saltaram.
- Gostou?
- Não faz isso.
Eu não merecia uma morte daquelas, linda. Exatamente como eu imagino a mulher perfeita. Se ela fosse corcunda, com uma foice, nariz torto e verruguento, eu aceitava e iria com ela, mas essa gostosona na minha, não ia colar.
Procurei ao meu redor alguma coisa para acertar ela, botei os olhos num taco. Ela percebeu.
- Sabes que vou voltar.
- Tomara mesmo gostosona.
Agi rápido, golpeie minha morte. Ela caiu, montei sobre ela e acertei novamente a cabeça.
Urrei de prazer, havia vencido. Cai ao lado do corpo dela e do meu.
No momento seguinte, som de sirenes. Dei-me por conta e percebo que estou em uma ambulância. Dia seguinte descobri que havia ganhado mais uma nota em meu prontuário:
Coma alcoólico.





Apenas domingo. 
Se gostar, me ligue.  

sábado, 28 de julho de 2012

Vai tomar no "Cult".


Ele fazia parte de um grupo de pessoas das quais eu, particularmente, mais desprezo na maioria das vezes. Se auto-intitulava "Cult" (aqui, entre aspas gigantes, é óbvio que não tenho nada contra pessoas com cultura, muito pelo contrário). Odiava conversas curtas com certos palavrões, para ele só valiam à pena conversas longas com um vasto repertório de palavras que talvez nem o Tio Aurélio pudesse desvendar. Odiava bandas do momento, com acordes simples, aquelas que tocavam na rádio ou até mesmo na MTV, para ele só tinham valor aquelas bandas que nem o Wikipédia e o Google conheciam. Isso quando não apelava para clássicos como Beethoven ou Mozart, só para "causar". Odiava filmes do momento. Blockbuster? Tinha nojo de todos. Só era realmente bom aquele filme francês de 1987, ainda inédito do Brasil. Ou aquele filme estrangeiro que não ganhou o Oscar de 1998 e adivinha? Inédito no Brasil. Livros? Quem não lia 8 livros por semana e distribuísse 30 horas em 7 dias para conversar sobre as obras eram indignos de qualquer troca de palavras. Super heróis? Coisa para criança. Futebol? Coisa de brasileiro ignorante. Qualquer time, liga ou religião? Atestado de burrice. E assim ele cresceu, colecionou alguns namoros e vários preconceitos. Não lembro se chegou a casar ou ter filhos. Tenho só uma certeza, morreu como a pessoa mais chata que eu já conheci. Entediante, chatíssima, alérgica a diversão. Viveu uma vida inteira se dedicando ao “Cult”, desprezando quem não fizesse parte disso que esqueceu que é necessário, em pequenas doses, de um pouco de besteira, do tosco, do blockbuster, até do superficial, da cerveja no bar com amigos falando sobre bundas e peitos, das risadas ao som daquela banda do momento ao invés daquela conhecida apenas por ele num raio de 150 km. Esqueceu da essência do ser humano, ser tosco. Tosco o suficiente para se livrar dessa robótica “Cult” e marcar efetivamente a vida de pelo menos algumas pessoas na sua passagem pelo mundo. Morreu sozinho, demasiado chato, talvez indigno de um epitáfio, mas quem se importa? Ao menos morreu “Cult”, conhecendo aquela banda de Beirute, Líbano e tendo assistido aquele filme rodado em Bagdá, capital do Iraque, aquele lá... ainda inédito no Brasil.

Por Vinícius Rodrigues

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A irônica normalidade de Carlos


       - A normalidade me cansa. Geralmente, posso cansar de tudo. Se tive alguém na vida, considerada normal, ela passou batida e não deixou nada, apenas uma lembrança sexual. Nenhum ensinamento, nenhum motivo para um convívio ou procura da pessoa. Devo ter perdido lá algumas horas de sexo com ela e, depois, sem uma fala sentimental, abracei-a. Nunca fui atraído por esse tipo de pessoa, elas só incentivaram o meu lado boêmio e fora do padrão. – Assim dizia Carlos, indignado, bebendo absinto naquele bar furreca ali na esquina. O dono do bar olhava e dava algumas risadas, pronto para falar alguma coisa. Talvez pela sua experiência. Acrescentar? Para que? Geralmente, essas pessoas estão aqui para desabafar ou sair da real rotina delas. Mas, mesmo assim, arriscou:
            - Tu procura, na verdade, o enigma, a fase indecifrável do ser humano, rapaz. Tua juventude ainda é latente e aos plenos 25 anos não se procura estabilidade amorosa, e sim conhecimento. – Disse o dono do bar, carrancudo, com sua cara oleosa de fritura de pastel, limpando o balcão e depois de servir mais uma dose de absinto.- Me perguntei muito disso também, mas quando se passa dos 45 tudo se torna tão desesperador, como uma corrida no tempo. Você tem sua casa, seu negócio, sua estabilidade... Por que não também uma mulher normal? Afinal, você se tornou uma peça comum na sociedade e se toca disso depois de tudo que conquistou.

            Carlos por sua vez, da aquela risada inconformada. Pensa que em seu mundo, no qual o sucesso e estabilidade são distante, esse pensamento é de uma pessoa frustrada com suas vivências e confortável com seu meio. Pega seu copo, mata a bebida com uma golada seca e grande, saca a nota de 10 reais e paga o dono, balançando a cabeça com um certo desprezo.

            - Sabe que tua vida poderia ter sido melhor, nessas condições teria me dado um tiro na cara. Uma rotina babaca e estagnada... penso se isso acontecesse comigo. É levantar, comer, dá beijo em sua mulher e conversar sobre o dia-a-dia. Depois vir trabalhar, sem motivo de querer sair daqui ou ir para a casa. Por que tudo está ali, nos seus devidos lugares, previsível e sem sal. E quando chegar em casa? Terá vontade de possuí-la? Sabe que não é a pegada de um sexo inesperado, sabe o que acontece há uns anos, pela tua própria experiência, e tu só está ali por esvaziar o saco.

            - Carlos, vá embora, teu corpo não segura mais uma dose de absinto e, consequentemente, não segura a tua boca. Tua bebedeira sincera e teu pensamento juvenil não irão mudar o mundo.

            - Talvez, Juvê, talvez.

            Levanta da cadeira e vai em direção da porta. Abana sem olhar para trás e segue seu caminho para casa. São quatro e meia da manhã, Carlos. Amanhã você pega o trabalho as 10. Um cálculo mental de quanto poderá dormir, o quanto poderá filosofar sobre isso. Mas o caminho é longo, não se preocupe, terá muito o que pensar... Três quadras dali, Carlos é atropelado. Talvez pela imprudência de um motorista mais bêbado do que o pedestre, ou pela sua latente vontade de morte. Um opala o pega de frente numa faixa de segurança a mais de 80km/h com uma freada brusca. Que ironia, era um conhecido de Carlos fazendo racha! Seu corpo é arremessado por cima do carro, fazendo toda sua vida passar num flash diante de seus olhos. Depois de, praticamente voar e bater de cabeça no chão, seu amigo Daniel sai do carro desesperadamente e o segura.

            - Carlos, como isso foi acontecer? Como não saístes da frente? Como não vistes o sinal amarelo latente? Como não escutastes o ronco do motor, a buzina e as cantadas de pneu? Por que não conseguistes parar?

            Ainda com um pouco de fôlego o sarcasmo toma conta de Carlos, seu sorriso vermelho de sangue mostra uma felicidade estranha, como se não houvesse dor ou acidente.

            - Acho que é meio difícil fugir de um carro depois de alguns copos de absinto, via mais o chão se mexendo do que via seu carro se aproximando... Aliás, vi e senti mais o chão do que o próprio carro. Acho que você vai ter prejuízo.

            Depois de meia hora de espera pela ambulância, que chegara mais tarde que os policiais e toda a multidão que bebia na rua, Carlos morre. Morre com a certeza de que, talvez, preferisse um pouco menos de “sal” em sua vida. Toda aquela sua filosofia tinha um propósito. Samanta era esse propósito. Uma pessoa muito mais normal do que se pensava, que ele amava e por quem ele sofria por saber que seria difícil adaptar-se. Ignorar o fato de que um dia seria como o próprio dono do bar o fez não dar pelo menos um tchau ou adeus a ela depois daquela briga que tiveram há dois dias, tratando-se da sua forma de agir e sua intensidade.


   

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Pela manhã



Pela manhã
               

Lá vinha ela,
Aquela bundinha timida
Desfilava pela casa

Voltado para o quarto
Trazendo-me algo para beber;

É incrível,
A manhã acabara de começar
E ela estava magnificamente linda.

O quarto já ficava ilumidado,
O sol brilhava la fora
E o sorriso dela ofuscava minha vista la dentro.

Era algo alegremente vivo
E ao mesmo tempo nostalgico.

Eu realmente
Queria poder parar o tempo ali,
Naquele instante,
Naquele segundo,
Longe de tudo;

Até mesmo de mim.
Ela foi demais!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Quarta-feira é dia de...(Parte 1)

O que lembra a quarta-feira? É inevitável. Quarta-feira é o Dia do Sofá. O Dia dos Amassos. E o Dia do Futebol. E o Blog 'Manifesto dos 7' me elencou para escrever neste estupefaciente empolgante dia. Um dia antagônico motivados por paixões diferentes. Me refiro aos amantes, namorados e casados. Na quarta-feira, após 'o expediente das firma', dá-se início a árdua tarefa da negociação, o suprassumo da arte da diplomacia. Negociar uma quarta-feira é como aquele cigano vendendo cobertor na rodoviária.
Que atire a primeira Brahma o mortal não teve a fatigante missão de driblar a namorada para ver o jogo do seu time do coração. E a primeira tentativa de cumprir tal propósito sempre falha:

- Amor, vamos ver o jogo do Grêmio juntos aqui em casa? Eu faço pipoca pra gente!
- Não e não! Tu sabe que não gosto de futebol. Dez idiotas correndo atrás da bola!
- São 11.
- Tá, tanto faz! E prefere ver homem correndo de coxa de fora? Aliás, você nem reparou na minha meia arrastão nova.
- Desculpa amor, é que estava olhando a escalação aqui...
- Vamos jantar fora hoje e pronto! Quarta-feira é nosso dia, amooor...(tônica no último 'o')

E você vai jantar com aquela cara de cú. E bem no dia que o Kléber Gladiador e o Marcelo Moreno fazem dois gols cada. Que trauma. Meias arrastão. Redes balançando. A voz do Paulo Brito ecoando na cabeça. Coisas que só acontecem na quarta-feira.

Por Gustavo Bottega

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Para a chuva


“- Acorda amor... Você não deixou as roupas dependuradas no varal?”
Mas eis que começou uma chuva lá fora. Chuva frontal. Encontro de uma massa de ar frio com uma massa de ar quente do calor que se fez a semana toda.  Não chovia há semanas e a estiagem castigava. Castigava minhas noites mal dormidas nas quais eu ficava inquieto na cama consequente do calor infernal que fazia. Castigava meu cachorro que se esparramava no piso do banheiro em busca do local mais fresco da casa. Castigava minha mulher que reclamava dos ruídos provenientes do ventilador antiquado.  Mas nesta manhã de domingo, ela deu seu s ares por aqui.
 “- Quer saber meu amor, danem-se as roupas no varal, já estava sentindo saudades de uma pestana que valesse a pena, quando levantarmos a gente pendura atrás da geladeira.” Ela aprovou num monossílabo. Abracei-a fazendo nos onipotentes e adormecemos novamente. 
                Singelo canto da ave. Mais belo que o lendário assovio do uirapuru, que num voo repentino deixou de dar o ar de sua graça. Zarpou daquela arvore ao perceber que a chuva viria para dar espaço a outro espetáculo soberbo. Pessoas corriam dela, a não ser eu. E elas fugiam tal como a caça foge do caçador.  Mas ali eu permaneci. Banhado por aquela agua viva que a Terra saciava-se naquele momento. Enquanto a chuva caia em minha face, eu percebi que uma gota não era simplesmente um décimo de milímetro de agua que embebiam meu semblante de satisfação. Cada gota era uma gamela que já foi preenchida para saciar a sede. Cada gota era parte de um gigantesco regador que nutre solos e plantações. Cada gota é uma lágrima derramada por quem ela faz tanta falta. Cada gota é a inspiração de amantes e poetas do noturno e do soturno.  Cada gota é parte de um cenário de 1000 beijos apaixonados. Cada gota já esteve em mais lugares em que eu estarei em toda a minha vida.  Mantive meus olhos cerrados. Enquanto meu corpo e meus pensamentos eram sendo purificados em sua totalidade por uma das mais belas sinfonias criadas pela natureza. O som da chuva. 
                Despertei-me sozinho. A chuva cessara. O olor de café passado pairava pelo lar. Levantei-me e servi-me de uma xicara de café. Direcionei-me até a varanda e fiz-me o protagonista principal de um dos momentos mais pitorescos de minha vida. Sorvei um bom gole de café, envolvi a mulher que me foi destinada em meus braços, apreciando o arco celeste emoldurado em um vespertino em sépia.

domingo, 22 de julho de 2012

Sem mais devaneios


 
Fizeram-me acreditar que escrevia bem, dai para começar essa festa foi um passo no abismo. Queda sem volta. Todo dia eu escrevo várias páginas. Contos, diálogos biográficos, algumas ficções, pensamentos.
E guardo tudo. Não para um dia publicar, mas gosto desse material.

Não pretendo publicar um livro, é coisa demais para mim. Gosto de receber elogios, mas um livro meu não seria grande coisa.
Escrevo pra completar momentos, que me fizeram falta, com pessoas que hoje sinto falta.

Abro meu material com essa música e um belo material não fictício de uma quarta feira sem sal. 



Diálogo "Sem mais devaneios"

- Hoje eu não ia vir...
- Não? Veio pra que, porra?
- Pegar uma prova...
- Te vi no almoço outro dia.
- Eu sei, esperando tua namorada?
- Não.

(blink)

- Você faz direito então?
- Sim, e você faz o que?
- Ah, a verdade? Acho que arquitetura...
- Acertei então, mas eu ia chutar publicidade.
- Tu é a terceira pessoa que me fala isso essa semana, e é só quarta...
- Quer outro pão de queijo?
- Não, to legal. Vamos caminhar, preciso de sol.

(blink)

- Quase na hora do almoço e ainda não paramos.
- É verdade, o papo ta bom. 
- Ta mesmo. Vai almoçar com alguém?
- Não.
- (silêncio)
- Hum, me beija de uma vez.

(blink)

- Que estranho, aquela loirinha com o livro ta te curtindo a uma cara...
- Problema dela, eu não pegava.
- Tadinha, e esses livros. Posso ver?
- Claro.
- Amo esse do Caio, li ele semana passada.
- Eu sei, tava do teu lado esquerdo semana passada junto do suco de laranja.

(blink)

- Para, eu to ficando pirada...
- Pirada? Veja a minha sem cebolas.
- Nem tenta, não vamos transar...
- Vamos, tu só não tem certeza ainda.
- Só se a gente sair mais uma vez...
- Quanta bobeira, chega de brincadeira?
- Hummm, para, eu to ficando pirada...
- Eu sei.

(blink)

- Ainda não acredito que tu ta aqui...
- Morada do Bosque é um nome bonito, cade os tucanos? Tenho medo.
- (risos) Nunca vi um tucano.
- Querida, me faz um favor? Poupa nosso tempo dessa conversa e ocupa essa boca com algo bem mais interessante.

 
Apenas domingo. 
Se gostar, me ligue.

sábado, 21 de julho de 2012

Amor e seus verões.

Nostalgia e um sentimento difícil de encontrar em outras histórias de verão. 2 quadras nunca nos separaram por tanto tempo. 6 anos, confesso ter esquecido alguns traços do seu rosto. Algumas coisas mudaram, confesso. Mas de resto, tudo continua no seu lugar. Quem diria que uma tarde chuvosa pudesse me surpreender. E lá estava você! Forçando meus olhos para te reconhecer. Tatuagem denunciando, membros novos na família, nenhuma surpresa. Estranho dizer, mas senti tua falta. Mesmo teu nome sendo um mistério, e que a recíproca seja inteiramente falsa, senti tua falta. Dos olhos azuis, do sorriso contagiante. Gosto do que eu me transformei graças a você. Gosto de afogar esse sentimento platônico em pura nostalgia, sempre foi meu forte, um masoquista irremediável. Mas gosto ainda mais do jeito que a minha cabeça voa até você criando as melhores histórias. Elas nunca irão acontecer, eu sei, somente dentro de mim. Injusto, mas por agora já me basta! Sabia que essas areias iriam me trazer antigas lembranças, e eu não as desprezo. Esse lugar é tudo que tenho de você, e para sempre, isso me basta!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Distância

                  As vezes queria mudar certos significados de palavras. Geralmente palavras de meio termo, sem sal. Sou do oito ou oitenta. O exemplo básico é a palavra "distância", que seu significado todo mundo sabe: Medida de separação entre dois pontos. Agora trazendo isso para um lado tanto "humano", de contato, pode ser uma mera quilometragem, metros, centímetros da pessoa... algo alcançável. Pra mim não. Acho que distância é o oitenta, o famoso "Se um não quer, dois não fazem". A distância é o extremo. Distância é ter algo inalcançável, que não vai ser só por sua vontade que você vai conseguir. Distância é não trazer a cerveja pra casa no dia por não ter dinheiro, a distância é não ter o amor correspondido.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Normalidade...




Cães
Comem, bebem, dormem e fodem
Bêbados
Bebem e dormem
Alguns tambem trepam e comem
Assim como os cães
Vida boa essa a deles
Sem muitas preocupações e expectativas
A não ser sobreviver

Os cães ladram
Aos bêbados que passam ali na rua
A noite é longa
E eles continuam

Provavelmente por que não terão que trabalhar amanhã
Nem os cães, e nem os bêbados
Infeliz de quem amanhã
Estará com sono
Tendo que trabalhar
Porque nessa hora,
Eles estaram dormindo
Os cães e os bêbados