sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Tic-Tac do Deboche

           
            Piscam as luzes no lado de fora do quarto, é um pequeno letreiro de beira de estrada. Minha cama está um gelo e minha consciência me leva a mil lugares, menos para meu sonho. Viajo em pensamentos, viajo no teto, viajo no relógio, viajo no relógio, viajo no...

            -Mas que porra! – Gritei ao mesmo tempo em que levantava da cama e olhei para o lado.

            * Tic, tac, tic, tac…

            Aqui no lado de dentro do quarto existe um pequeno relógio, com um barulho ensurdecedor! De dia ele é calado por rotina, por carros e mais carros, de noite martela as mais loucas das idéias.

            * Tic, tac, tic, tac.

            Aproximo-me do relógio... O compasso dele segue o de meu coração.

            - Quatro e meia da manhã, porra! – Brando para o maldito.

            Sei que a culpa não esta ali, mas aqui, dentro de mim. Levanto-me, vou ao banheiro, lavo meu rosto, me olho no espelho, dou um leve suspiro e volto para o quarto. Quando me sento no lado esquerdo da cama, olho reto e percebo na escrivaninha seu ponteiro se movimentando, me hipnotizando. Seus “tic-tacs” são transformados em significados, seus movimentos são uma só crítica:

            - Sou tão exato, tão preciso, porém um dia também vou desandar.


            Que “Tic-tac” de deboche! Jogo-lhe no chão e ele para de se mover. Acalmo-me, afinal, ele também desandou... Mas mesmo assim, um relógio parado consegue estar certo duas vezes no dia.



sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Lágrimas para Da Lu

   


         Uma dose de vodka e aquela lembrança reaquecida. Ainda me lembro o primeiro sonho com ela... Vestida com calças justas pretas, um casaco de lã também preto, que realçara seus peitos, um cachecol vermelho e uma leve touca a lá francesa segurando seus cachos. Encantadora, eu diria. Seu sorriso expressava algo tão meigo quanto sua feição, e ainda carregava algo convidativo. Seguimos uma rua de subida larga, numa cidade que residi uns cinco anos. Parecia que a conhecia tão bem, conversamos sobre mil coisas e tive um convite para entrar em seu prédio. Lá dentro, uma festa sem significado acontecia. Para tirar minha atenção, ela pegou uma de minhas mãos fazendo meu mundo tremer em escalas significativas, enquanto me levava para outro aposento do lugar, chegando a uma espécie de quarto.  Para me confortar, sentei em uma poltrona vermelha, meio reclinável, que estava perto de uma janela, onde tinha um lindo vale e um ambiente mais calmo, enquanto ela trazia uma taça de vinho e um lindo olhar. Ganhei um beijo e um aconchego. Suas mãos tão delicadas passavam entre as minhas enquanto levemente confortara sua cabeça em meu peito dizendo suaves palavras e soltando leves suspiros. Te digo: De todos os meus sonhos de platonismo que tive, foi o mais marcante que me lembro e essa cena soou como um convite a moça residir neles. O fato que sempre me deixava intrigado era acordar com enorme conforto de ser amado. Meu dia era outro e o ciclo de seu aparecimento nos meus sonhos ficou maior. O apelido da moça que arrancava de mim todas as expressões para transformá-las em satisfação era Da Lu. Seu sexo, seu beijo, seu carinho era tão real que nem parecia sonho e cada vez eles ficavam menos distante de uma realidade, até porque sustentei algo na realidade.

Lógico, ela existia na vida real e soubera, por cima dos fatos, de sua boa freqüência em meus sonhos. Seus contatos mexeram comigo desde o primeiro dia e esse encantamento, pelo menos de minha parte, era forte. Minha pequena barreira amorosa ruiu... Porém ruiu me deixando mal, afinal nem toda história de “amor” acaba em “amor” e essa fortaleza segue se reconstruindo.

Enquanto isso fico na espera desse famoso desgaste para me reerguer. Ele sempre aparece, em qualquer ser, em qualquer hora. Que me tire dessa fossa, que tome conta dos meus sonhos onde Da Lu reside e que a arranque de lá.


Chega de lágrimas para Da Lu.



domingo, 14 de julho de 2013

Covinhas e calcinhas



- Vem comigo?
- Não. Vou terminar a cerveja.
Uns goles e ela voltou.
Da cama a vi entrar no quarto, nua, a toalha delicadamente enrolada na cabeça. Simplesmente deslumbrante, linda, cada dobrinha perfeita, cada cicatriz. Fiquei ali observando ela escolher as calcinhas enquanto aquelas covinhas feitas para apoiar polegares me fitavam. Sabem do que to falando? Aquelas entradas na base das costas, pertinho das nádegas, que só as mulheres mais gostosas têm?
Minha viagem é interrompida pelas palavras dela.
- Bah, deixamos o ar ligado...?
Nossa, nunca senti tanta vontade de morder alguém igual aquela manhã.



domingo, 7 de julho de 2013

...mas era só falta de Rivotril.


Cansei, de boa.

Dez horas.

Vou tomar umas gotinhas de Rivotril com cerveja vencida.

Talvez eu nem acorde.

Mas é óbvio que vou acordar.

Então ai vem a maré toda de novo.

Cabeça explodindo.

Cansei, de boa.




domingo, 30 de junho de 2013

O único lugar que ainda me faz bem.


- Para que tanto papel...tanta tinta.. tu pinta?
- Não. Normalmente carrego com saudade e sentimento as canetas.
- Como assim?
- As vezes eu preciso desenhar algo, aliviar algo sabe...
- Desenha pra mim?
- Não
(silêncio)
- Não é por mal.
- E pra que tanta coisa?
- Querida, pega uma cerveja?
(silêncio)
- Pego sim.


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Gordo só faz...



Pão de queijo.  Só para quebrar o jejum nas postagens.

É mesmo, pão de queijo. Foi-me apresentando numa quarta feira de manhã, manhã morna de outono. Minhas manhãs de outono foram assim cara. Acorda cedo, toma banho, escova dente, pega material, corre pra faculdade, sonha, dorme, sonha, acorda, música, café. Pão de queijo. Meu pão de queijo era lotado de sentimento, caraca e nem era tão bom, mas ele era cheiroso. O café é que era ruim, parece esse que acabei de fazer, deve ser a cafeteira, sempre considerei fazer café uma arte, você precisa aprender e saber fazer. Não é simplesmente lascar o pó no coador, tem um feeling good pra fazer ele. Sentir ele. É café. É o teu maldito combustível na manhã. Ótimas manhãs de quarta feira, eu tinha o café da manhã que muita gente deseja. Café da manhã simples e bem acompanhado. Melhor acompanhado, só se fosse em casa, com geléia de goiaba e pão torrado, com minha companhia usando minhas camisas, que obviamente ficariam super folgadas. Camisa branca e alça do sutiã caindo pelo ombro. Sim, uma das melhores imagens matutinas. Sua querida acordando.  Isso te deixa melhor que a noite inteira de sexo. Deixa qualquer um bem.

Mas, voltando para a realidade. O cheiro. Qual das suas lembranças vem acompanhada de cheiro? Eu acredito que seja muito sensitivo. O cheiro. Aposto que alguma vez, você ai leitor masculino andando pela rua, numa quarta feira de manhã passou por aquela gordinha, de cabelos molhados que deixava num rastro de perfume gostoso, seja o creme dos cabelos ainda molhados. O cheiro. Seu trunfo, como uma gata no cio. Grita pelo bairro inteiro, chama a atenção, grita e geme pelo apartamento inteiro. Suplica atenção, espera o gato. Dono do jogo, com o bem mágico que o sexo faz, vem morde o pescoço, prende e pronto. Forra. Brinque. Touché.

Lembranças da infância. Uma vez comentei dos lábios salpicados de açúcar. Aquele gostinho sem igual, único. Cheirinho de sonho. Gostinho de sonho. Nem vou começar a falar de gostos que ficam, poderia falar por dias aqui. Mas não, corta. Pensem no cheiro, café da manhã, lembranças, lembranças felizes. Joelhos lascados, cheiro de grama molhada. Cheiro de chuva. Infância. Amigos, correria. Fim.

Uma hora crescemos e novas lembranças surgem, novos cheiros.

Cheiro de café.

Cheiro de pão de queijo.

Cheiro de livro velho.




Um bom dia para vocês.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Esperança de 2013 para o meu Glorioso






Sei que é muito cedo pra falar, mas quero estar confiante esse ano pra ganhar um título expressivo. Estamos com um time bom, nomes e pessoas que jogam bem, só falta uma visão mais estudada do técnico. Andrezinho, Seedorf, Bolívar (Apesar de ter passado parado no Inter), Bruno Mendes (Um tiro no escuro e um bom tiro) e entre outros. Antes eu apostava as fichas no Oswaldo, hoje em dia acho ele bem arrogante e prepotente perante a torcida. O problema é psicológico no time, salto alto em jogo perante a time menor ou por vitórias seguidas não pode existir. Os "estrelinhas" que atrapalhavam o time se foram, cadê o incentivo? Cadê os pés no chão? (Inclusive, o Criciúma fez um favor para nós. Haha!) Vale sim um apoio da torcida, o ensaio pra temporada de Brasileirão (Campeonato Carioca) deveria ser respeitada, Sulamericana e outros deveria ser mais valorizada pela torcida, somos o 13º jogador. 
Em relação ao presidente e seus projetos falidos, nem vou comentar. Espero que ele tenha dado um pulo bom para esse ano. Espero emoções, como todo alvi-negro carioca. Não só queremos o "quase". Pra cima deles, Fogão. Temos chance, só falta a garra. 
Apesar de estar longe, sempre estarei contigo, por um simples motivo: Porque eu sou BO-TA-FOOO-GO.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

2013: Saudades, feridas e muita podridão.





            Pequenas saudades da calmaria, sinto tanta falta de 2012 e da minha infância... Não! Não sinto falta de retrospectiva, que pra mim, sempre soa como algo tão bosta. É que eu estava tão acomodado no narcisismo, investir em mim e ser totalmente independente desse negócio chamado de sexo. 2013 pra mim começou com um baita passo com o pé esquerdo, chato, frustrante e alcoólico. Digo mais: quero apagar esse Janeiro de mim em plena segunda semana do mês! Quero apagar de tudo que posso sentir de ruim. Aquela auto-estima que nunca foi das melhores agora me afeta. Não responsabilizo ninguém, só as minhas escolhas. Mas o mais interessante é que nunca me arrependi daquilo que fiz. Às vezes acho que o mundo está cercado de idiotas e cada ano que passa, mais confirmo isso. Odeio essa calúnia tosca, essa mentira obscena que o homem anda criando e obsessão de encontrar o perfeito em uma pessoa não sendo perfeita para si mesmo. Não falo por momentos depressivos, falo por uma revolta incondicional que tenho observado a tempos. Tenho saudade da infância inocente e feroz, a mesma que afetava pela sinceridade clara de outra criança. Acho que o humano por si só já chegou ao seu limite, daqui a diante só veremos podridão. Sinto em dizer que não consigo em confiar em alguém, sinto em dizer que pilares de um mundo construído só tem ruído cada vez mais com o passar do tempo, me sinto não na realidade, mas em um inferno tão fugaz que não há pessoas onde possa confiar. Acho que até o capeta seria mais sincero em seus fazeres, em seus atos e em sua moralidade,  entre outras “pequenas” coisas que perdemos. É tanto corrimão para segurar, mas nenhum consegue passar aquela segurança. Nascer, crescer, reproduzir, morrer... Queria ser simples assim, mas nunca é. Objetivo, claro e intenso, a vida se resume em passagem e não de metas criadas por um sistema completamente complexo com pessoas neuróticas ou sociopatas.
Santo daquele que criou o álcool. Santo daquele que quis fugir um pouco dessa hipocrisia e ter um momento de felicidade total. Escrevo isso com toda a preocupação de estar virando um dependente alcoólico. Uma “bira” para aliviar, outra para esquecer memórias passadas e pimba, olha como estou. O dia seguinte é o mesmo, meu trabalho tranqüilo e com gosto, mas o desgosto de chegar em casa e saber que vivo uma mentira. Lembro-me muito bem de filmes, um tanto quanto revolucionários, que me chocaram nesse meio tempo, “Transpotting” e “Fight Club” são alguns. Escolher uma vida, escolher toda aquela merda material para ser feliz consigo mesmo... E pra que? Não há sentidos, nunca fará. Somos tão superficiais que nem percebemos nossos deslizes no dia-a-dia. Um desejo tosco por aparência, que é aquele belo exemplo. Viajamos, tocamos, compramos as vezes pelo simples status. E digo também de uma simples vestimenta/aparência, que por ela você define caráter de uma pessoa. Ora, tão hipócrita esse mundo, onde somos tão cristãos e veneramos um rapaz barbudo, mas não podemos ostentar uma barba em nossos empregos pela má aparência.
Tenho saudades de um monte de coisas. Tenho saudades das pessoas sinceras, que independente de uma camisa regata, bermuda e chinelo, te cumprimentam. Tenho saudades de pessoas que falam de coisas e não de pessoas. Tenho saudades de pessoas com amores que vão além de um “camaro amarelo” mas que estão até em um ônibus com você. Sinto falta da ingenuidade.