Piscam as luzes no lado de fora
do quarto, é um pequeno letreiro de beira de estrada. Minha cama está um gelo e
minha consciência me leva a mil lugares, menos para meu sonho. Viajo em
pensamentos, viajo no teto, viajo no relógio, viajo no relógio, viajo no...
-Mas
que porra! – Gritei ao mesmo tempo em que levantava da cama e olhei para o
lado.
*
Tic, tac, tic, tac…
Aqui
no lado de dentro do quarto existe um pequeno relógio, com um barulho
ensurdecedor! De dia ele é calado por rotina, por carros e mais carros, de
noite martela as mais loucas das idéias.
*
Tic, tac, tic, tac.
Aproximo-me
do relógio... O compasso dele segue o de meu coração.
-
Quatro e meia da manhã, porra! – Brando para o maldito.
Sei
que a culpa não esta ali, mas aqui, dentro de mim. Levanto-me, vou ao banheiro,
lavo meu rosto, me olho no espelho, dou um leve suspiro e volto para o quarto.
Quando me sento no lado esquerdo da cama, olho reto e percebo na escrivaninha
seu ponteiro se movimentando, me hipnotizando. Seus “tic-tacs” são
transformados em significados, seus movimentos são uma só crítica:
-
Sou tão exato, tão preciso, porém um dia também vou desandar.
Que
“Tic-tac” de deboche! Jogo-lhe no chão e ele para de se mover. Acalmo-me,
afinal, ele também desandou... Mas mesmo assim, um relógio parado consegue
estar certo duas vezes no dia.
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