sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Tic-Tac do Deboche

           
            Piscam as luzes no lado de fora do quarto, é um pequeno letreiro de beira de estrada. Minha cama está um gelo e minha consciência me leva a mil lugares, menos para meu sonho. Viajo em pensamentos, viajo no teto, viajo no relógio, viajo no relógio, viajo no...

            -Mas que porra! – Gritei ao mesmo tempo em que levantava da cama e olhei para o lado.

            * Tic, tac, tic, tac…

            Aqui no lado de dentro do quarto existe um pequeno relógio, com um barulho ensurdecedor! De dia ele é calado por rotina, por carros e mais carros, de noite martela as mais loucas das idéias.

            * Tic, tac, tic, tac.

            Aproximo-me do relógio... O compasso dele segue o de meu coração.

            - Quatro e meia da manhã, porra! – Brando para o maldito.

            Sei que a culpa não esta ali, mas aqui, dentro de mim. Levanto-me, vou ao banheiro, lavo meu rosto, me olho no espelho, dou um leve suspiro e volto para o quarto. Quando me sento no lado esquerdo da cama, olho reto e percebo na escrivaninha seu ponteiro se movimentando, me hipnotizando. Seus “tic-tacs” são transformados em significados, seus movimentos são uma só crítica:

            - Sou tão exato, tão preciso, porém um dia também vou desandar.


            Que “Tic-tac” de deboche! Jogo-lhe no chão e ele para de se mover. Acalmo-me, afinal, ele também desandou... Mas mesmo assim, um relógio parado consegue estar certo duas vezes no dia.



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