De gole em gole,de verso em verso,a trilha sonora é algo que me faz suspirar.
Ali isolado emocionalmente,me joguei nesse bar,usando o balcão como trincheira,procurando por nada,e achando todas respostas,sem ter feito pergunta alguma,a noite continua seu curso,aliás junto dela,minha vida,ouvir e ouvir,fazer uma piada aqui,a teimosia pela rotina,sempre foi o pior de meus vícios.
Esperar é o verbo que todo boêmio conhece, e conjuga por inúmeras vezes,ser tachado de imprestável e peso para a sociedade é inevitável,é uma sina,mas essa tal sociedade,nunca me pagou uma cerveja,e tirou um tempo para jogar conversa fora comigo,então que vá a merda.
Planejar uma noite,pensar numa bebedeira,jamais,ela se intensifica,se solidifica,até mesmo é a única coisa certa que se tem,beber,lavar a alma,que tanto se suja com falsidades,falta de ética,palavras não cumpridas,em nosso cotidiano,segue sendo meu rito de purificação preferido.
Amargo da cerveja pra combinar com a amargura da solidão,sim,o bêbado é um apaixonado fracassado,que pobre alma,não conheceu o amor verdadeiro e a cada garrafa,busca resolver sua equação.
O nível de embriaguez vai aumentando,e com ele,minhas promessas,umas quebradas,outras levadas à sério,vem me fazer companhia,metas,objetivos,deixados de lado,me entrego,não resisto,se chega num estado lastimável por fora,mas dentro de mim os festejos por alcançar tal resultado,verdades,mentiras,incertezas misturadas grosseiramente num liquidificador emocional.
O domingo é o pior de todos os vilões,me faz comer lamentações,com o pão amassado da angústia,por não conseguir sair,se livrar disso...
domingo, 25 de maio de 2014
domingo, 18 de maio de 2014
Bar
Querida,
Escrevo
para ti, agora, me desculpando. Naquela noite, fui forçado a me comunicar, já
que as batidas das suas unhas vermelhas - fazendo TAC TAC no balcão do bar - estavam
me deixando louco.
Dei uma bicada na cerveja morna e olhei fixo para ela. Ela fechou um botão do decote.
- Desculpa.
- Relaxa.
- Era para ficar nisso, mas não estava dando certo.
- Cansei de vocês.
- E esse desabafo? Traz uma dose para a moça! E uma cerveja para mim. Sorte minha não ter filhos para alimentar, fim de mês tá fodendo comigo.
- Obrigada.
Ela fez descer seco – cowboy. Fez cara de estar bebendo gilete. Realmente, não era o tipo dela. Sorriu fechando os dentes.
- Qual é o teu problema? Eu tenho bons motivos para ficar louco com mulheres. Mas se eu fosse o mulherão que tu és, não estaria desperdiçando lágrimas magoadas e conversando comigo.
- Traição.
- Foda. Sei como é... Trepar com o corpo de alguém mas a cabeça estar no mofo do teto.
- Que merda! Ele deve estar dando uma agora com a secretária dele, aquela vaca. Ontem, entrou em casa e nem olhou pra mim. Será que é culpa?
- Duvido muito, quem ama não trai. A coisa é bem mais que tesão.
- Logo comigo, sempre tão segura... Mulher perfeita! Casei, lavei e cozinhei. Mulher perfeita sabe? Uma perfeita inglesa durante o dia e uma jovem francesinha à noite.
E, realmente, era uma mulher perfeita. Olhei bem no fundo dos olhos azuis e tive certeza: eles me fitavam com um sorriso que se contorcia por trás da máscara da decepção. Aquela maquiagem cara se indo para um homem que não merecia alguém assim. Ela tremia e eu podia ver sua pele suar; aquelas belas pernas terminando em um salto agulha que não parava de se mexer.
- Garçom, mais duas!
- Obrigada, to só precisando desabafar com alguém.
- Faz bem conversar. Conversou com ele já? Aposto que não! ... Tu não consegue encarar o que ele vai dizer...
- Exato. Medo de ouvir o óbvio.
Já estávamos ficando alcoolizados. Bocas amortecidas, olhares perdidos. Pedi mais duas. Trocando palavras com a língua enrolada, me mordi. Finalmente, tirou um cigarro, Marlboro Gold. Fumaça fina saindo tímida das narinas vermelhas. Ficamos nessa, por quase uma hora. No fim, estávamos tão bêbados que qualquer conselho seria impossível de ser dado. Bebemos feito porcos e, sinceramente, não tivemos uma noite muito produtiva: entornamos mais do que falamos. Saímos cambaleando e abraçados. Paramos na porta e ela chamou um táxi. Me ofereci para dividir. Ela agradeceu novamente.
- Obrigada, to só precisando desabafar com alguém.
- Faz bem conversar. Conversou com ele já? Aposto que não! ... Tu não consegue encarar o que ele vai dizer...
- Exato. Medo de ouvir o óbvio.
Já estávamos ficando alcoolizados. Bocas amortecidas, olhares perdidos. Pedi mais duas. Trocando palavras com a língua enrolada, me mordi. Finalmente, tirou um cigarro, Marlboro Gold. Fumaça fina saindo tímida das narinas vermelhas. Ficamos nessa, por quase uma hora. No fim, estávamos tão bêbados que qualquer conselho seria impossível de ser dado. Bebemos feito porcos e, sinceramente, não tivemos uma noite muito produtiva: entornamos mais do que falamos. Saímos cambaleando e abraçados. Paramos na porta e ela chamou um táxi. Me ofereci para dividir. Ela agradeceu novamente.
Apenas domingo.
Se gostar, me ligue.
Se gostar, me ligue.
domingo, 11 de maio de 2014
Reencontro
Há quase
dois anos eu comecei a rascunhar aqui pequenos diários semi biográficos, mas só
fui entender o motivo quase um ano depois.
Boa leitura.
Fiquem com este diálogo confuso e uma música.
Campainha tocou.
- Precisamos
conversar.
- O que foi
agora? - disse eu, olhando ele de cima a baixo.
- Já faz
quase dois anos desde a última vez que...
- Ok, entra.
Entrou.
Não falei
nada, só fui até o bar e preparei duas doses.
- Cowboy?
- Coca, mas
pode ser sem gelo.
- O que
houve? Pensei que tivesse acabado contigo. - perguntei eu, antes mesmo de
completar a dose.
- Não, não acabou
eu apenas mudei.
- Isso tá na
cara. - reparei que a expressão dele havia mudado, aparentemente tinha amadurecido,
vi até alguns fios grisalhos.
- Senta ai
cara, tu de pé tá me deixando nervoso. - entreguei a dose e ofereci um lugar no
sofá.
- Ficou
legal, faz tempo que te mudou?
- Um mês.
Desembucha.
- O quê?
- É,
desembucha. Eu odeio esse tipo de encontro, nunca se sabe o que esperar.
- Tava
esperando algo?
- Cansei de
esperar.
- Posso
fumar?
- Abre a
janela. - me levantei e fui até a cozinha, voltei com meia lata de Heineken
cortada.
- Sem
sujeira, minha Gigi não gosta de cinzas.
- Gigi?
- É, minha
coelha.
- Um coelho?
Tu viraste veado?
- Não, não é
feito gato e... cachorro não posso ter, nunca tem ninguém em casa.
- Tu também mudaste.
- Não
estamos aqui pra falar de mim. - cortei na hora.
- Então,
estou voltando.
- Como
assim?
- Assim.
- Assim?
Simplesmente reaparecer, sem explicações?
- Que
explicações tu quer ouvir?
- Sei lá.
- Porra, sei
lá não é resposta, é sem graça.
- Não brinca
comigo, sabe que sou o único que pode acabar contigo.
- Eu sei,
mas eu sempre volto, já percebeu?
- Percebi, e
tu sempre voltas diferente.
- As pessoas
mudam, e espero eu, que para melhor.
Não falei
mais nada, mas pela primeira vez na noite, precisei concordar.
- Termina
tua dose, prepara outra se quiser, mas vai.
- Era óbvio
que eu voltaria, tu sabe.
- É, eu
sei...
Apenas domingo.
Se gostar, me ligue.
Se gostar, me ligue.
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