Há quase
dois anos eu comecei a rascunhar aqui pequenos diários semi biográficos, mas só
fui entender o motivo quase um ano depois.
Boa leitura.
Fiquem com este diálogo confuso e uma música.
Campainha tocou.
- Precisamos
conversar.
- O que foi
agora? - disse eu, olhando ele de cima a baixo.
- Já faz
quase dois anos desde a última vez que...
- Ok, entra.
Entrou.
Não falei
nada, só fui até o bar e preparei duas doses.
- Cowboy?
- Coca, mas
pode ser sem gelo.
- O que
houve? Pensei que tivesse acabado contigo. - perguntei eu, antes mesmo de
completar a dose.
- Não, não acabou
eu apenas mudei.
- Isso tá na
cara. - reparei que a expressão dele havia mudado, aparentemente tinha amadurecido,
vi até alguns fios grisalhos.
- Senta ai
cara, tu de pé tá me deixando nervoso. - entreguei a dose e ofereci um lugar no
sofá.
- Ficou
legal, faz tempo que te mudou?
- Um mês.
Desembucha.
- O quê?
- É,
desembucha. Eu odeio esse tipo de encontro, nunca se sabe o que esperar.
- Tava
esperando algo?
- Cansei de
esperar.
- Posso
fumar?
- Abre a
janela. - me levantei e fui até a cozinha, voltei com meia lata de Heineken
cortada.
- Sem
sujeira, minha Gigi não gosta de cinzas.
- Gigi?
- É, minha
coelha.
- Um coelho?
Tu viraste veado?
- Não, não é
feito gato e... cachorro não posso ter, nunca tem ninguém em casa.
- Tu também mudaste.
- Não
estamos aqui pra falar de mim. - cortei na hora.
- Então,
estou voltando.
- Como
assim?
- Assim.
- Assim?
Simplesmente reaparecer, sem explicações?
- Que
explicações tu quer ouvir?
- Sei lá.
- Porra, sei
lá não é resposta, é sem graça.
- Não brinca
comigo, sabe que sou o único que pode acabar contigo.
- Eu sei,
mas eu sempre volto, já percebeu?
- Percebi, e
tu sempre voltas diferente.
- As pessoas
mudam, e espero eu, que para melhor.
Não falei
mais nada, mas pela primeira vez na noite, precisei concordar.
- Termina
tua dose, prepara outra se quiser, mas vai.
- Era óbvio
que eu voltaria, tu sabe.
- É, eu
sei...
Apenas domingo.
Se gostar, me ligue.
Se gostar, me ligue.
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