Já repararam
como a luz da noite deixa a pele branca mais brilhante? Deve ser a lua.
Com ela era
assim. Ela brilhava.
A pele
suava e o longo cabelo que ficava úmido começava a se enrolar.
Era
sensualidade saindo pelos poros. Beleza ímpar.
Sem pudor.
- Eu gosto
daqui.
- É legal,
né?
- Eu poderia
ficar deitada aqui por dias.
- Eu passo
bem pouco tempo aqui. Não tem nada que me atrai além do sofá.
- Aposto que
tu já trouxeste muita gente aqui.
- Os amigos.
Afastei-me
um pouco para observar. A paisagem daria uma bela pintura. Vênus aberta no sofá
com a maquiagem borrada, cabelo grudado, o sangue fervendo em marcas na pele, e
mais acima, a lua espiando entre as barras da janela.
- Eu gosto
do que tu escreves, devia tentar com mais frequência.
- Não dá.
- Como
assim?
- Eu escrevo
quando as coisas apertam.
- Como
assim?
- É meio
óbvio. Se estiver ruim, eu desabafo.
- Justo.
- Vem cá.
- Vou.
Aquela noite
eu entendi um pouco como as coisas funcionavam. Um pouco.
Dias depois
ela voltou a escrever.
Semanas
depois não nos falamos mais.
Apenas domingo.
Se gostar, me ligue.
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