quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Uma janela.





Já repararam como a luz da noite deixa a pele branca mais brilhante? Deve ser a lua.
Com ela era assim. Ela brilhava.
A pele suava e o longo cabelo que ficava úmido começava a se enrolar.
Era sensualidade saindo pelos poros. Beleza ímpar.
Sem pudor.

- Eu gosto daqui.
- É legal, né?
- Eu poderia ficar deitada aqui por dias.
- Eu passo bem pouco tempo aqui. Não tem nada que me atrai além do sofá.
- Aposto que tu já trouxeste muita gente aqui.
- Os amigos.

Afastei-me um pouco para observar. A paisagem daria uma bela pintura. Vênus aberta no sofá com a maquiagem borrada, cabelo grudado, o sangue fervendo em marcas na pele, e mais acima, a lua espiando entre as barras da janela.

- Eu gosto do que tu escreves, devia tentar com mais frequência.
- Não dá.
- Como assim?
- Eu escrevo quando as coisas apertam.
- Como assim?
- É meio óbvio. Se estiver ruim, eu desabafo.
- Justo.
- Vem cá.
- Vou.

Aquela noite eu entendi um pouco como as coisas funcionavam. Um pouco.

Dias depois ela voltou a escrever.

Semanas depois não nos falamos mais.


Apenas domingo. 
Se gostar, me ligue. 


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