sábado, 20 de setembro de 2014

Viagem.



Olhei para o relógio, ele marcava 22h45.
Como de costume entrei e procurei dois lugares. Sentei, coloquei os fones e o capuz, e então pousei a mochila no banco que estava vazio.
Passamos alguns postes em alta velocidade.
- Oi. Sou eu.
Percebi nele um olhar perdido, triste. A cabeça imóvel pousada sobre o ombro.
- Tudo bem?
- Sinceridade? Não.
- Quer falar?
- Talvez. Eu poderia falar por horas.
- Eu estou aqui. Sempre que precisar só precisa me chamar.
- Obrigado, é o que me resta.
Ao nosso redor alguém trocava mensagens com o namorado, ou discutia sobre como foi o ótimo final de semana. Entre nós, só silêncio.
- Obrigado, tenho me sentido mais sozinho do que nunca. Falta de um abraço, um empurrão, ou uma mão. Estou perdido. Meu trabalho tá muito ruim, me falta coragem para mudar. Sinto que não vou conseguir
- A tua mudança tá ai dentro, só tu pode dar o passo e amadurecer isso.
- É eu sei.
- Ai dentro.
- Aqui dentro.
Uma dor imensa apareceu no meu peito, eu sabia exatamente o que ele estava passando.
Naquele momento ele encostou a cabeça no vidro, e pelo reflexo, percebi uma lágrima escapar pelo canto do olho. Senti um homem desmanchar.
Luzes acenderam, e então, peguei minha mochila do banco vazio e segui para o carro.

Agora não estou mais ali.
Estou aqui, escrevendo uma pequena história sobre algo que está fora do meu alcance, e que talvez seja, incompreensível para vocês.

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