Vinte e nove anos, formado em Publicidade e Propaganda,
caseiro e descolado. Seu hobbie era chegar do serviço para ver sua sitcom
favorita e depois dormir no sofá. Nos dias de jogo não se rende ao sono,
prefere ver seu time até o fim, ganhando ou perdendo. Esse era o perfil de
Maurício, um rapaz que morava a uns cinco meses num casarão meio distante do
centro da cidade. Seu quintal era do tipo extenso e bem florido, o que dava
margem a uma das coisas que ele mais considerava praga: Mosquitos. Maurício
sempre foi um rapaz que acreditava nas teorias da conspiração, não foi à toa
(depois de inúmeras vezes perturbado), que começou a estudar mais esses
bichinhos que ali reinavam. Ele tinha esse pensamento, que além de suprirem
essa função de se alimentar, tinham um leve sadismo ao passarem todas as noites
zunindo ao ouvido do homem. Tentara de tudo, mas nada funcionara. Afinal, não
dá para entender esse tipo de coisa, fazia dias que Maurício não acordava com
uma picada em sua pele e já tinha meses que tinha comprado repelentes
eletrônicos e tudo mais. Mas sempre quando chegava a sua casa, encontrava pelo
menos dois encostados em sua parede na sala e mais alguns na parede da
cabeceira de sua cama.
- Matadores
de noites, matadores de sono! Filhos da puta! Ainda acabo com vocês! – Essas
eram as frases intermináveis com boa pitada de ódio que Maurício soltava,
durante a noite, para os mosquitos que zuniam em seu ouvido.
Querendo ou
não os filhos das putinhas ainda funcionavam como um certo despertador para o
morador da casa, tanto para levantá-lo do sofá da sala para cama, tanto para
acordá-lo para ir pro trabalho. O problema vinha sempre no meio da noite. Ninguém
quer levantar para pegar uma raquete de choque ou algo do tipo, mas seus zunidos
ainda estavam lá. “Zzzz”, um tapa rolava... Em vão. Mais um zunido e mais um
tapa, seguido de uma virada para outro lado... E assim ia, até ele se levantar e
xingar os animais. Maurício pensou seriamente em comprar um sapo, ou pegar de
algum lugar. Ficava feliz quando uma aranha aparecia em sua casa, mas nada dava
certo ali, eles apareciam em mais. Cada vez mais barulhentos, cada vez mais
perturbadores. Se não fosse tão cético, até diria que nesse meio tempo, entre
zunidos e tapas descoordenados que marcava Maurício, os mosquitos riam da cara
do dono da casa. Parecia uma marcação de território, dava pra sentir a frase
sendo traduzida:
- Somos nós
que mandamos, mata um e criam-se mais dez. Esse é o nosso lar, nosso lugar,
nosso império.
Duas
semanas depois de inúmeras tentativas frustradas de eliminar os mosquitos do
recinto, o cidadão se rende aos desejos dos pequenos animais. Maurício decide
mudar dessa casa. Com ele: o caminhão da mudança, um par de olheiras gigantes,
grandes malas, alguns caixotes fechados e um lindo sapo magro engaiolado.
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