Estava em Porto Alegre. Na noite anterior, fui
convidado por umas amigas para uma festa a fantasia, em um apartamento lá na
Fernando Machado.
Conheci a Stella
por acidente, em uma viagem: ela fazia arquitetura em outra universidade, era
maluca, linda e tinha o cabelo fino. Segundo ela, cabelo de bebê. Eu ria
horrores.
O apartamento era no décimo primeiro andar – próximo do Viaduto da Borges e
vista para o Guaíba – nos dois dias que passei lá, a água mudou de cor, de azul
a marrom, um reflexo estranho, acredito que em função da chuva. As meninas me
disseram que às vezes ela alternava para amarelo ouro, ao pôr do sol. Não consigo
esquecer aquela vista, também podia ver parte da zona sul.
Só sei que estava em um buraco cheio de gente maluca e com roupas estranhas. As meninas estavam
lindas, mesmo, ou quem sabe era a maconha em exagero que rolava por lá.
Stella? Bom, ela não se importava com nada,
desde que pudesse escutar Dylan no Ipod, enquanto alternava nos dedos um lápis.
Diria eu que é uma mágica que só ela sabe fazer, o lápis se tornava uma espécie
de mini baqueta.
Enfim.
Essa parte vou
pular - já que aqui - muita coisa rolou.
Me encostei na
janela e fiquei lá curtindo com a galera, sempre fui de falar pouco, mas
adorava observar. O papo era legal. Glauber Rocha era protagonista das
histórias e Torquato seu fiel escudeiro.
Aí então percebi:
Em meio a sorrisos estranhos, um par de olhos me observava. Os dela. Percebo e
largo um sorriso retribuindo. Saí da janela e fui até a cozinha, pegar outro
samba com Fanta. Ela se aproxima, me abraça e simplesmente diz: “Nossa, cara,
como é bom ficar aqui perto de ti, tua energia é muito boa”. Ela me abraça mais
forte, me beija e dá motivos para nunca mais sair de lá.
Foi meu sopro de
vida em semanas – voltei para casa com a roupa amassada e um bolso cheio de
recomendações para assistir.
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