quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Sagu com creme.



Supondo que todos aqui conhecem aquela sobremesa pós almoço de comunidade de interior, básica, o famoso sagu com creme....
Mas antes de mais nada, proponho a você que não gosta mesmo de sagu, substituí-lo por pudim, torta de bolacha, pêssego em calda, ambrosia ou qualquer outra sobremesa que as avós sabem fazer como ninguém! Enfim, essas sobremesas simples e deliciosas.
Muitos restaurantes da região colocam a disposição da clientela o referido doce como sobremesa "gratuita" para que seus clientes o saboreiem durante o intervalo da labuta diária, incluso no valor do buffet, mas acontece que, um incontável numero de pessoas, associando o nome sagu com creme com as festas coloniais, cheias daquelas tias gordas de bochechas rosadas e com lenços amarrados na cabeça, acabam menosprezando e satirizando tal iguaria culinária como se fosse algo tosco, ruim, sem gosto, brega, sem graça ou cafona.
Na real é muito simples fazer sagu com creme, e na real, mesmo que você não admita você já se fartou com esta sobremesa e ainda pediu bis quando criança na casa de sua avó. (Ah como as coisas eram boas leves e inocentes quando éramos crianças! Você se lembra?).
Filosofando uma dessas filosofias baratas de boteco, com uma amiga minha durante um almoço aleatório numa semana qualquer que já se passou, acabamos concordando que todo gringo que se preza ama comer um saguzinho com creme. Por outro lado, todo o gringo enrustido, que mora na cidade “grande” tem um costume feio de querer esconder suas raizes, e seus costumes, principalmente os “magricolas” (gringos enrustidos mais jovens) logo tudo quanto é gringo, mesmo que escondido, adora um sagu...
Seguindo a lógica da filosofia barata de boteco, ali está o problema! A tal sobremesa é algo doce, gostoso, simples e barato que tudo quanto é velho do interior tem a receita. Os gringos modernos podem ter deixado sagu com a fama de cafona, mas isso não o torna ruim de fato, nem menos gostoso! Nosso problema é nos preocuparmos com o que é ou deixa de ser cafona, e não perceber o que é ou não é bom de fato, entendeu aonde eu quero chegar?
Pois bem, tudo em excesso faz mal já dizia minha avó (e ó que a velha já fez muito sagu na vida), a vida nunca será sempre doce, tentar maquiar uma vida sempre doce é coisa pra quem foge das da realidade, se ela fosse sempre doce perderia a graça sem que pudéssemos notar! Hoje em dia não desfrutamos das coisas simples, vivemos em busca de intensidade (sempre foi assim, eu sei mas atualmente isso anda muito intenso não acha?!). Não é a toa que praticamente tudo atualmente é descartável, (aqui eu incluo amizades, relacionamentos e pessoas em geral) Os antigos sempre estão dando exemplos de como as coisas eram melhores nos tempos passados, (tenho medo de poder presenciar minha velhice!).
Mas sou da opinião de que devemos aprender com os mais velhos. Não que a intensidade não seja boa, mas take it easy brow, levar as coisas mais na maciota te fazer valorar e distinguir os momentos incomuns perante os comuns. Afinal de contas a vida é sim composta por momentos comuns em sua maioria!
Acabamos nos esquecendo de ver o bom das coisas quando a opinião alheia já nos passa ha tempos o aspecto negativo do negócio todo! E eu nem preciso dizer que não damos tanta moral para alguma coisa que nos dizem ser positiva quanto damos para as que nos dizem ser negativas né? Quantas vezes deixamos de viver o bom por ser "brega" aos olhos dos outros? Quantas vezes deixamos de falar o que queremos para alguém por ser cafona à vista alheia? ...não fazer essas coisas nos torna covardes e infantis. Ser brega, cafona e ridículo é ficar se policiando quanto ao próprio comportamento, opiniões e atitudes sobre a linha do que a massa dita como legal e bacana...
No fim das contas a vida não é um sonho (bem que gostaríamos que fosse, mas não é.), damos muito mais moral ao negativo relevando de forma irrisória e quase nula o bom, percebemos as coisas como se o mundo vivesse em função de complicar pro nosso lado enquanto vivemos tentando descomplicar o mundo. Quando no fim das contas tudo é de uma natureza tão simples.
Quando a gente percebe a simplicidade das coisas, elas se tornam muito mais leves perante o peso que pareciam ter anteriormente. Quando se fala o que se pensa, inocentemente, sem agredir, de consciência limpa e tranquila livre de freios ou qualquer outro tipo de repressão... Tornando-se levianas as coisas se transformam e tudo fica mais doce! Simples e doce como o sagu que minha vó faz nos fins de semana festivos lá em casa! Sem duvidas, uma das melhores sobremesas que eu já comi!


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