segunda-feira, 10 de setembro de 2012

IMPESSOALIDADE.



Ela nunca havia entrado num motel. Não sabia que cheiro tinha, que sabores iria descobrir, estava assustada com o que poderia encontrar. Que música estaria tocando? Quem a veria lá? Tantas dúvidas passaram pela seu cabeça.... Era um mundo novo que estava prestes a ser descoberto.

O perfume era de almíscar com um leve toque cítrico. Ele sussurrava no ouvido dela, lhe dizendo coisas das quais um monge se arrependeria de ouvir. O sol espreitava ao fundo das montanhas daquele vale e todo o verde da paisagem logo foi trocado pelo vermelho do quarto e suas luzes e vapores vindos da banheira refletidos no espelho do teto. Ela saboreava aquele momento com fervor, turva em seus pensamentos, ilusa, presa naquela experiência de puro êxtase de amor despido. Ele o tocava com aquele botão de rosas e passava por toda sua barriga, lhe dava mini trufas de cereja com chocolate preto e atenuava-lhe o paladar com um gole de espumante Brut. Quando tudo parecia estar completo chega o momento de consumação onde todos ficam tensos, pois ela nunca esteve em um motel. Confusa sem saber o que fazer ela se nega a entregar-se aos prazeres da vida e se nega a experimentar tudo aquilo que poderia ser único por tempo indeterminado, pelo simples fato de ter medo.

Então ela agarra seus pertences e se retira do quarto, chamando um táxi pelo celular. E o misterioso homem do perfume de almíscar continua na cama deitado, com seu momento procrastinado, analisando as cores do quarto do motel, assistindo ao filme no aparelho televisor. 


William Minuzzi.

Um comentário:

  1. Onde se lê [...ele o tocava..] leia-se ELE A TOCAVA.

    Obs²: o final é alternativo, usem a imaginação ashuashasuh

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