sábado, 4 de agosto de 2012

Na coleira (feat. a metade da laranja)




Não gosto de namoro, não vou mentir. Sou sim um solteiro convicto - e isso não tem nada a ver com o fato de eu ser “inamoravel”, juro -. Ao mesmo tempo em que tento entender a monogamia, equilibrando com o fato de eu ser novo e blablabla, duas coisas certamente eu não entendo: o namoro na coleira e o desespero pela outra metade da laranja. Aqui falarei dos dois casos como se fosse um só. Não consigo entender porque alguns namorados privam seus parceiros de quase tudo. Uma cervejinha no bar, uma noite na casa de um amigo - e as chances de a noite ser regada apenas a vídeo game é grandíssima - enfim, de sair para qualquer lugar em que não esteja junto, pois não confiam na fidelidade do parceiro. Ok, eu admito, homens realmente tem um histórico a la Charlie Harper, e mulheres também não são nem um pouco santas, mas a base de um relacionamento não é a confiança? Será que dando liberdade não é a melhor opção do que ir forçando a raiva ou a própria mentira? Será que eles realmente amam o próximo, ou amam a ideia de ficar com alguém só para não acabar sozinho nesse mundo frio e cruel? Porque afastar a pessoa dos seus amigos? Provavelmente a pessoa pelo qual o outro se apaixonou foi moldada por esses amigos. O pior é quando tu é amigo de um casal, e inevitavelmente fica no meio dos dois, tendo que encobrir toda e qualquer mentira, “não diz para ele que eu estava aqui tá?”, “ei, você sabe aonde que minha namorada tava ontem?”, “ah sim... ops, quer dizer, sei não cara”. E quando a mentira é descoberta para quem que sobra? Para o pobre amigo que ficou no meio desse inevitável fogo cruzado. Aonde quero chegar? Sei que todo relacionamento não é algo constantemente simples, alguns até são complexos, cheios de teorema de Pitágoras e fórmula de Baskara, mas alguns namoros superam a complexidade humanamente aceitável, cheio de performances de novela mexicana. Tem gente tão desesperada pra viver essa novela, que se joga para qualquer um, dizendo "eu te amo" na primeira semana e estando pronta para viver o papel da Maria Joaquina ou do Fernando Henrique numa relação novela cheia de dramas, intrigas e mentiras. Para que tanta pressão? Para que tanta coleira? E para que tanta laranja? Namorar deveria vir de um sentimento puro e certeiro, não fabricado instantaneamente para faturar transas garantidas. Para que tantas regras, tantos modes moldes? No fim, muita gente acredita estar procurando sua metade da laranja, mas se joga na primeira bergamota que aparece. Aliás, isso lembra o que uma grande amiga minha me falou numa dessas conversas de bar: "tu não precisa da outra metade da laranja. Tu é uma laranja completa. Tu só precisa de outra laranja para fazer mais suco". Posso estar errado, posso estar certo. Só sei que sou feliz sendo uma laranja completa e livre de qualquer coleira.

Por Vinícius Rodrigues

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