Quarta-feira, o sagrado Dia do Sofá. Mas será que alguém diz isso ainda? Isso é coisa da sua tia falar. Na atualidade, o sofá deixou de ser figura emblemática. Especificamente na quarta-feira, este móvel fica imóvel, esquecido. Traído pelos botequins, que convocam o
machedo macharedo para ver futebol regado a suco de cevada. Sem dó. Os cinemas e restaurantes fazem até promoção para tirar você do sofá. Assim, o sofá perdeu a alcunha de protagonista no seu emblemático dia. Não lembra mais quando foi a última pipoca que caiu na fresta entre as almofadas. Triste. É....outrora, o Dia do Sofá já foi mais romântico e sensualesco.
Tentem imaginar nos tempos antigos, (antes do Feicebuc) aquele casalzinho jovial, se descobrindo, se desbravando, se deflorando, no limiar do âmago da sua inocência inocente. É porque era inocente de verdade. Trocando carícias tímidas, porém não menos intensas, a bordo daquele velho sofá de chenile adquirido nas Lojas Arno. Era um vulto só,
iluminados alumiados pela única luz piscante do televisor. O casal se
entretia entertia ao reprise de Ghost, mas só prestava atenção na cena que Patrick Swayze e Demi Moore uniam as mãos para moldar os vasos de barro. O sofá se sentia uma canoa descendo uma cachoeira de arco-íris, sendo remado por um entrevero de membranóides descontrolados.
Chegará um dia, em que você vai chegar em casa, numa quinta-feira, e o sofá não estará mais lá. No seu lugar haverá pipocas em decomposição. E um bilhete.
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